20 de janeiro de 2009

Joao Caceteiro


Por Mara Cornelsen.

Qualquer sujeito que tenha mais de 30 anos com alguma "aprontada" no meio policial quando era "menor" de idade, certamente se lembra de João Caceteiro. O apelido praticamente se explica por si. João era o nome do detetive que exercia a função de chefe do xadrez da antiga Delegacia de Proteção ao Menor (Curitiba/PR). Proteção também era só no nome, uma grande ironia.

A tal delegacia tratava os garotos apreendidos como bandidões comuns. Não tinha essa de levar em carro descaracterizado nem abolir algemas. O menino, por mais franzino que fosse, era recolhido no camburão da viatura preta e branca, e levado para o xadrez da especializada e lá ficava, até que o pai ou mãe fosse tirá-lo.

E era justamente o João que os recebia. Baixinho, meio gordo e barrigudo, ele não dava moleza pra "piazada". Reza a lenda que todas as noites, depois do jantar servido nas celas, ele entrava em cada uma delas e com um cacetete dava pancadas no "traseiro" dos piás, para que eles se acomodassem logo e fossem dormir. Em alguma ocasiões chegava a dizer: "Não sei por que tô batendo, mas vocês sabem por que estão apanhando".

Pra falar bem a verdade, João Caceteiro era o cara mais respeitado entre os pequenos marginais, cujos maiores crimes eram quebrar vitrines de lojas, furtar peças de roupas, e vez por outra arrancar dinheiro das mãos dos desavisados que estavam "de bobeira" esperando o ônibus. Depois começaram a surgir os "maconheiros", que eram abominados e tratados como vírus de doença contagiosa.

Diante dos dias de hoje, em que acontecem crimes dos mais bárbaros envolvendo menores, os maconheiros de antigamente poderiam ser considerados figuras angelicais. Todos temiam o "seo" João e quando eram reincidentes, antes de chegar no xadrez já gritavam para o "Caceteiro", chamando-o de doutor e avisando que tinham "caído de graça", para evitar os castigos piores impostos aos que retornavam para as celas.

Na verdade, João era a grande autoridade da delegacia e tudo funcionava bem por causa dele. Um vez, ele confidenciou que sentia muita pena da garotada, pois a grande maioria se envolvia em delitos por não ter apoio da família. E que sua "brabeza" era uma forma de assustá-los, para que não voltassem mais à delegacia e passassem a seguir o caminho do bem. "Tem muito piá que leva um cascudo aqui e se emenda pro resto da vida. É um a menos no mundo do crime", assegurou. Apesar de usar métodos não recomendáveis, as intenções de João era das melhores. Ele marcou sua época e fez a gente crer que "os brutos também amam".

http://www.parana-online.com.br/colunistas/118/62927/

Um comentário:

Andarilho disse...

Acho que a senhora está um pouco equivocada, muitos menores naquela época eram verdadeiros bandidos, estupravam, matavam, assaltavam e aqueles que cometiam furto a residência, quando não conseguiam carregar tudo da residência, destruíam a casa e depois defecavam no seu interior. Creio que a senhora antes de falar um assunto deveria se informar melhor.