19 de abril de 2022

Crônica do dia

Nossas noites


"A vida nos chega sem que saibamos o que exatamente temos a mostrar, sem que saibamos se somos capazes de suportá-la. Nossos dias sobre a Terra se apresentam como uma sucessão de eventos inesperados que nos colhem nas horas mais impróprias, trazendo em seu bojo ora prazer, ora situações infaustas, e mesmo sabendo de tudo isso, a gente não deixa nunca de esperar pelo inesperado da vida, ansiando, por óbvio, que nos sejam doces — ou que, ao menos, nos tenham clemência, nós, pobres mortais sem tempo para ser felizes. 


Temos nossas questões particulares, que não abrimos mão que continuem assim, muito particulares, muito bem guardadas, trancadas no porão do espírito, junto com nossos fracassos, nossas dúvidas e as incertezas que nem para nós mesmos temos a coragem de admitir. O gênero humano, com seus tantos dilemas existenciais, é decerto a forma de vida mais desgraçada da criação. 


No momento em que a felicidade se avizinha, enfim, burlando as regras absurdas que ditamos para nós mesmos, inventamos outra, a que diz que só seremos felizes, bem felizes, se houver quem permita nossa felicidade (...) Quando se percebe, numa tarde solitária se passaram treze anos. Talvez essa seja a tragédia incontornável do ser gente..."


Fragmentos de resenhas